INVESTIMENTOS

Aumento na taxa Selic: o que isso significa para seus investimentos?

Quem acompanhou os noticiários no ano passado, principalmente as famosas reuniões do COPOM, percebeu que a taxa Selic começou uma trajetória ascendente em 2021. A taxa chegou a seu menor patamar na história em agosto de 2020, quando foi definida a 2% ao ano, e manteve este nível até janeiro de 2021. A partir de março, começou uma série de aumentos até fechar o ano cotada em 9,25% ao ano. Além disso, o Banco Central sinalizou mais um aumento para a próxima reunião, que pode levar a taxa a voltar a ter dois dígitos, com expectativa de ser definida em 10,75% na reunião de fevereiro.

Por que o governo aumenta ou diminui a taxa Selic?

A taxa Selic é a taxa básica da nossa economia. Isso significa que todas as taxas de juros praticadas no Brasil, seja em instrumentos de renda fixa, seja em produtos de crédito, usam a taxa Selic como balizador. Assim, quando a taxa Selic sobe, fica mais caro conseguir crédito e ao mesmo tempo mais vantajoso deixar o dinheiro investido. De forma análoga, com a Selic baixa as pessoas se sentem mais estimuladas a tomar crédito e menos a deixar o dinheiro investido.

Então, quando o governo diminui a taxa Selic ele está estimulando a atividade econômica pois está “colocando mais dinheiro” na economia. Quando o governo aumenta a taxa Selic ele está reduzindo o ritmo da atividade econômica e isso é necessário em situações onde a inflação está um pouco fora do controle, como o momento que estamos vivendo atualmente.

E como é que este aumento na Selic afeta seus investimentos? Confira abaixo:

Renda Fixa

Os títulos de Renda Fixa, sejam eles títulos públicos ou de crédito privado, podem ser categorizados entre títulos pré-fixados (aqueles cuja taxa de remuneração é definida na contratação), títulos pós-fixados (cuja remuneração é atrelada a algum índice, logo só será conhecida no pagamento) ou mistos (remuneração é atrelada a algum índice mais uma taxa fixa).

Nos títulos pós-fixados, que costumam ser atrelados à taxa Selic ou ao CDI (que também é sempre muito próximo à Selic), o aumento da Selic significa automaticamente no aumento da remuneração destes títulos. Ou seja, quanto maior a Selic, maior a rentabilidade que estes títulos vão oferecer.

Já para os títulos pré-fixados ou mistos, a situação é diferente. O aumento na taxa Selic implica na oferta de novos títulos no mercado com taxas maiores. Porém, quem já possuía títulos desta categoria anteriormente pode ver o valor dos seus títulos cair. Por exemplo: imagine que uma pessoa comprou a uns anos um título que paga uma taxa anual de 8%. No momento que a Selic subiu, apareceram no mercado títulos que pagam uma taxa de 10% ao ano. Se a pessoa quisesse vender o título que ela possui hoje, as pessoas não aceitariam pagar o valor do título pois existe outro com condições melhores no mercado, de forma que o preço deste título teria que ser reduzido até chegar no patamar que o mercado pagaria naquele momento. Entenda, porém, que esse tipo de oscilação no preço ocorre apenas caso a pessoa queira vender o título antes do vencimento. Se ela mantiver o título até o vencimento, irá receber exatamente o que foi contratado.

Renda Variável

Os impactos da alta da Selic na Renda Variável não são tão diretos quanto na Renda Fixa, já que estes investimentos não são indexados ao índice e sim são uma estimativa do mercado em relação ao valor intrínseco de cada ação, Fundo Imobiliário etc.

Acontece, todavia, que como a alta na Selic dá uma maior atratividade para investimentos de Renda Fixa, acaba aumentando o custo de oportunidade de investir em ações, já que nesse cenário ao investir em Renda Variável você pode estar abrindo mão de investir em títulos na Renda Fixa que estão oferecendo uma boa rentabilidade com um nível de risco menor.