Aportes garantem maior aproveitamento da isenção fiscal e turbinam a previdência

Quando o Brasil tinha um dos juros reais mais altos do mundo, ainda era possível conduzir o plano de previdência sem um acompanhamento muito próximo e ainda obter uma boa rentabilidade. Mas com os baixos patamares da taxa básica de juros da economia, mantida em 7,25% pelo Comitê de Política Monetária na última quarta-feira, turbinar as opções contratadas é uma alternativa apontada pelos especialistas para maximizar os ganhos. Aproveitar as somas extras que entram com bônus empresariais, a venda de um carro ou imóvel ou um cheque de presente de aniversário é uma dessas alternativas. Os chamados aportes permitem o pagamento de menores taxas cobradas pelas seguradoras e o melhor aproveitamento da isenção fiscal oferecida pelo governo aos participantes da previdência complementar.


Vale a pena fazer esse esforço maior de poupança sobretudo para quem tem um Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL), que pode deduzir do imposto de renda (IR) suas contribuições até o limite de 12% de sua renda bruta anual. Uma pessoa que ganhe R$ 3 mil por mês, por exemplo, e destine 5% de sua renda bruta à previdência aplicaria, no ano, R$ 1.800. Precisaria então fazer um aporte de R$ 3 mil para chegar aos R$ 4.800, que correspondem a 12% de sua renda. A economia com IR, nessa simulação feita pelo superintendente financeiro da Mongeral Aegon Seguros e Previdência Claudio Pires, seria de R$ 720.

— Conseguir abater do IR até 12% da renda anual com contribuições é um dos maiores benefícios oferecidos no mundo. A cultura do brasileiro é esperar ficar devendo para completar os 12%. Mas, na verdade, o quanto antes forem feitos os aportes, melhor. No início do ano, conta-se com a rentabilidade do ano inteiro a seu favor — defende Claudio Pires.

Para Fu Hai, diretor do HSBC Seguros responsável por Vida e Previdência, os aportes devem estar mais ligados ao fluxo de caixa dos participantes do que a um período específico do ano.

— A venda de um ativo ou o recebimento de uma herança são exemplos de situações que se mostram como uma oportunidade para parar, fazer uma revisão e estudar o plano de ganhar dinheiro a longo prazo.

O professor de Finanças do Ibmec/RJ Gilberto Braga aconselha, no entanto, que, quem deseja fazer aportes que ultrapassem os 12% de contribuição pesquise outras opções de investimentos. Na comparação com outras aplicações, pode-se encontrar taxas mais competitivas, alerta.

— Sobretudo num cenário de mudanças como enfrentamos agora, é preciso revisar periodicamente o que foi contratado e as escolhas de investimento feitas — acredita.

Quem tem a outra modalidade mais comum de plano de previdência, o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), ganha apenas uma poupança maior no fim das contas e uma negociação melhor de taxas junto às seguradoras. Isso porque a seguradora tem custos operacionais fixos em cada transação, explica Pires, e para ela é mais vantajoso fazer operações de maior volume:

— A receita que um cliente que tem aplicações maiores traz por operação é maior, logo o custo fica diluído e acaba sendo menor para esse participante — disse o executivo.

Na Mongeral, pode-se fazer um plano de previdência a partir de um aporte inicial de R$ 100. Nesse caso, a taxa de administração cobrada varia entre 1,75% e 2,0%, dependendo do pacote contratado. A taxa cai para de 1,0% a 1,5% quando o saldo do plano ou o aporte é acima R$ 50 mil. Para montantes maiores de R$ 500 mil, vai a 0,70%. Segundo cálculo de Claudio Pires, a taxa média aplicada hoje no mercado é de 1,50%. No HSBC, segundo Fu Hai, a taxa varia de 0,8% a 3%.

Outro benefício da previdência é, se o orçamento apertar, deixar de contribuir sem que o dinheiro pare de render. Apenas se posterga o prazo de contribuição para alcançar o montante desejado — diferentemente de quando se contrata um seguro de vida, por exemplo, em que a contribuição periódica é condição para o recebimento do montante contratado. Apesar de alguns fundos gerarem inclusive boletos de pagamento, a contribuição mensal é voluntária.

Fonte: http://oglobo.globo.com/economia/aportes-garantem-maior-aproveitamento-da-isencao-fiscal-turbinam-previdencia-7330165?topico=Previdencia-privada

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